quarta-feira, 17 de abril de 2013

Our Way








Eu queria tanto dançar um tango contigo.

Dizer-te que, para me seduzires, tens de confiar em ti, ser quem queres ser realmente, para eu me deslumbrar contigo. Porventura, esse deslumbramento poderia acontecer apenas, por me surpreenderes com mimos de murta, através da partilha da felicidade dos momentos comuns, mas bastaria para me evidenciar que não era preterida relativamente aos teus outros interesses.

Fundamentalmente, eu queria que me seduzisses, estando subjacente o saberes e quereres ser o homem certo para mim. Significaria isso que não te expunhas como perfeito, mas que acreditavas no teu caminho e que me convidavas a percorrê-lo contigo. Haveria arrependimento sobre a escolha de alguns trilhos, mas essa não seria a via principal; aliás, poderia ser mais um passo rumo a  um novo percurso.

E existindo essa aposta no nosso relacionamento, eu não me sentiria esmagada por tanto descontrole, impaciência, insegurança, não estaria sozinha na busca da alegria, nem perdida neste contágio de dores, que nos afogam os corpos e a alma.

No entanto, tudo parece depender de mim, da minha iniciativa, isto é, da minha sedução. E o meu problema é que desisti de percorrer caminhos até ti, porque muito do que encontro em ti não me traz paz. 

Por isso, ainda estamos muito longe de dançar um tango. Precisamos de descobrir o caminho para esse movimento sinestésico, visceral, que nasce de dentro de nós. Então, perceberemos por que as borboletas dos lençóis voam no nosso quarto e nos convidam a comer cerejas debaixo da laranjeira e as abelhas nos chamam ao jardim para nos vestirmos da terra aquecida pelas flores que tu e eu plantámos num dia verde.

Faz-me voar pelo teu olhar, meu amor.

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